quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

O que resta

          O maior erro que alguém pode cometer, é perceber um amor tardiamente, quando este já se encontra desgastado, devastado pelas desilusões sofridas dia após dia. É achar que porque alguém te ama (ou amou), podes fazer o que bem entender, ser rude ou frio, que podes se dar o direito de não importar-se mais, de não ligar, de não falar, não surpreender, não dar carinho.

          A maioria dos amores acaba assim, à mingua, mendigando o que sempre deveria estar presente com fartura em qualquer relacionamento, implorando por atenção, por uma chance, por um minuto que seja. Acaba porque muitas vezes vive à sombra da comodidade, da mesmice, do descaso, descanso, desleixo... Quase um desamor, impondo a presença apenas para constar que estão juntos. Falta persistência, reconhecimento do esforço do outro, paciência, perdão, falta até memória para lembrar dos bons momentos... Mas para as dificuldades, esta sobra: para reafirmar uma mágoa, reavivar um erro, comentar um deslize qualquer... Sobra cobrança, má vontade, mentiras, orgulho... E assim, grão a grão, o amor vai se esvaindo aos pouquinhos, a cada rancor, a cada olhar de desaprovação, cada ligação não feita, palavra não dita, lagrima caída...

          Quando se dá conta, as portas já se fecharam, o sentimento não é mais o mesmo, as vezes o que fica no lugar é um vazio, as vezes uma dor, outras um alívio. O que resta?  Saudade? Dos momentos bons, ternos, das vezes em que não foi preciso dizer nada para se sentir plenamente feliz um ao lado do outro. Agora o silêncio reserva apenas a solidão de quem não soube amar, ou ser amado, o arrependimento, a certeza de que poderia ter sido melhor, de que poderia ter feito mais, a vontade de voltar a atrás, a duvida de como seria se diferente fosse, de como está agora, e amanhã e daqui a um ano... Com quem vai dar as mãos e ser mais feliz? Pra quem entendeu tarde demais esse amor, resta a espera, resta o fim.

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