segunda-feira, 25 de julho de 2011

Podia ser.

           Sensação estranha essa de que há um vazio ao meu redor e um peso dentro de mim ao mesmo tempo, algo que vai da boca do estômago à garganta, oscila entre calafrio, suspiro e angustia... Como um querer ter maior que o medo do que eu posso sentir, mas um medo de que você não sinta nada bem maior do que o querer te ter. Completamente confuso, por isso estou imóvel agora, não falo nada.

           Quando uma tal tristeza chega devastando meus castelos de areia, como o mar em ressaca com ondas salgadas, as lágrimas caem marcando rastros. Tento abraçar o vento que me traz um perfume familiar de algo que eu não sei bem se tive um dia. Só quero me livrar disso, aliviar... então deixo migalhas de carinho na tua janela enquanto não está olhando, são pedaços soltos que guardo até o ultimo momento, esperando a hora certa, e não acerto. Não estou te fazendo perguntas e não preciso das respostas, não as quero. Sei que não há outra maneira de atravessar, sentimento não se corta, ele se regenera e cresce mais resistente. Deixo chover a dor, pra ver se tudo escoa para um lugar distante, onde eu possa lembrar com ternura somente em um cartão postal, fotografia e nada mais.

            Frágil como folhas secas no outono, qualquer coisa me fere, me despedaça. Essa paisagem opaca da minha vida sem você por perto pra colorir a primavera que não chega nunca, nem frio, nem calor, um nada tão cheio da sua ausência... Estendo a mão pra te alcançar, mas cada passo que damos é em direções contrárias e surgem vãos intransponíveis. E tá tão difícil simplesmente esquecer... é que eu tenho esse jeito feio de não saber perder, de não querer desistir. O que me frustra é o que seria se você não tivesse fugido para o outro lado de um mundo só seu sem se quer tentar. Podia ser leve brisa, correr tranquilo como água de rio. Podia ser tempestade, coração disparado, incêndio, e som suave, calmaria, agridoce, sorriso aberto, as vezes saudade... Podia passar sem nem se notar. Podia ser tudo, podia ser fase, podia ser absolutamente nada... ou podia ser amor, sabe-se lá...

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